Lavouras, máquinas, estradas, pontes, silos e galpões destruídos em poucos minutos. Para quem vive no campo, chuvas intensas, vendavais, tornados e granizo podem significar anos de trabalho perdidos. Nessas horas, a eficiência do poder público faz toda a diferença para socorrer as famílias atingidas. Em Santa Catarina, uma das iniciativas que garantem resposta rápida aos desastres naturais é o Programa Reconstrução SC . Em 2023 e 2024, essa política pública beneficiou 2,4 mil famílias, somando investimentos de R$ 26 milhões. 1f2yh
O programa Reconstrução SC foi criado pela Secretaria de Agricultura e Pecuária (SAR) em 2021 para ajudar os produtores a recuperarem suas áreas e atividades afetadas por desastres naturais. Hoje, é uma referência no Brasil pela agilidade com que libera os recursos para as famílias – geralmente, em menos de 30 dias.
“A iniciativa é importante para mitigar os danos econômicos e sociais causados aos pequenos e médios produtores rurais, que muitas vezes são os mais vulneráveis a esses desastres”, explica Fabia Tonini, coordenadora de políticas públicas na Epagri.
Até o ano ado, o programa oferecia até R$ 12 mil com cinco anos para pagar e desconto de 50% para o pagamento das parcelas em dia. Em 2025, o benefício máximo arrecadado para R$ 20 mil. Os investimentos têm foco na recuperação de estruturas, máquinas e equipamentos destruídos ou danificados em propriedades de famílias rurais, de pesca ou aquícolas.
A Epagri é o primeiro contato dessas famílias quando elas são afetadas por eventos climáticos. Os extensionistas, presentes em todos os municípios, são os braços do Governo do Estado e da SAR para levar soluções rápidas e de fôlego para dar a volta por cima.
A primeira ação é levantar as perdas nas propriedades. Nesse trabalho, os extensionistas recebem apoio da Defesa Civil, da Cidasc, das Secretarias Municipais de Agricultura e dos Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural (CMDR). É também com base nesses relatórios que o Governo do Estado formula as políticas públicas de resposta à crise.
Na hora de fazer os recursos chegarem a quem precisa, a Epagri também entra em ação. Os extensionistas elaboram os planos de recuperação das propriedades e os projetos de crédito que dão o aos programas. Na execução dos projetos, seguem prestando assistência técnica às famílias.
Em 2023, o Alto Vale do Itajaí foi afetado pelo excesso de chuvas, que provocou muitos estragos no campo e nas cidades. Entre outubro e dezembro, as comunidades rurais do município de Mirim Doce sofreram com sete episódios seguidos de enchente. Lavouras de arroz foram destruídas pelo alto volume de água, que carregou entulho, terra e areia. Canais usados para levar água até os arrozais também foram danificados e sofreram assoreamento.
Um desses canais, chamado de “Valada Riqueza do Vale”, tem 13 quilômetros de extensão e irriga 480 hectares de trabalho de 27 famílias, responsáveis pela produção de 4 mil toneladas de arroz. O canal foi construído em 1968 para conduzir a água do Rio Taió até os arrozais de três comunidades: Alto Volta Grande, Volta Grande e Pinhalzinho. No final de 2023, com as enxurradas, essas famílias viveram dois meses de muito trabalho e tentativa de recuperação do canal e de suas lavouras.
Com apoio da Epagri, em janeiro de 2024, o grupo ou R$ 12 mil do Programa Reconstrução SC. Os recursos foram usados para pagar serviços de escavadeira hidráulica, fazendo reparos e desassoreamento no sistema de segurança. “Em reunião com o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e a Secretaria Municipal de Agricultura, priorizamos ações para reconstruir e reparar os danos causados a essas comunidades”, conta Dirceu Schwarz, extensionista da Epagri no município. Nesse episódio, ao todo, 39 famílias rurais de Mirim Doce aram o Reconstrói SC, totalizando R$ 246 mil.
"A Epagri facilitou muito as coisas para as pessoas. O extensionista Dirceu já tinha conhecimento da nossa situação e sabia fazer que as pessoas precisassem. Apenas levamos a documentação e ele providenciou tudo", disse o rizicultor Heverson Peron, membro da diretoria que faz a gestão do canal Valada Riqueza do Vale.
Além do investimento coletivo, o programa também beneficiou 12 agricultores do canal individualmente. “Usei R$ 6 mil em horas de máquina para reconstruir as taipas, tirar areia do arrozal e recuperar as lavouras”, conta Heverson. Ele cultiva 31 hectares de arroz em áreas próprias e arrendadas.
O extensionista Dirceu, da Epagri, conta que a produção de arroz é uma atividade mais expressiva no meio rural de Mirim Doce, tanto em área de produção, quanto no número de famílias envolvidas – são cerca de 120. "Nosso papel é agilizar as coisas, especialmente quando as famílias mais precisam. Com essa ação, beneficiamos diretamente 27 famílias produtoras de arroz, e muitas outras desvantagens, com o restabelecimento das condições de plantio", conclu